sábado, 17 de fevereiro de 2007

Primeira parte (O Mestre e o Discípulo).

1 - A viagem do mestre para Veneza

Vida é aquilo que vemos conhecemos por meio do espírito; mas o mundo à nossa volta conhecemos através de nossa compreesão e razão. E tal conhecimento no traz grande tristeza ou alegria


As palavras são muito pobres e insuficientes para expressar os sentimentos íntimos do coração do homem


Se amamos, nosso amor não é nem de nós, nem para nós. Se nos alegramos, nossa alegria não está em nós, mas na própria Vida. Se sofremos, nossa dor não se localiza em nossas chagas, mas no próprio coração da Natureza.


2 - A morte do Mestre

O homem é como a espuma do mar, que flutua à superfície das águas. Quando o vento sopra, ela desaparece como se nunca tivesse existido. Assim são nossas vidas, quando varridas pela morte...


Lá, no mundo que virá, veremos e sentiremos todas as vibrações de nossos sentidos e os movimentos de nosso coração. Devemos entender a mensagem da divindade, que há dentro de cada um, e que desprezamos quando instigados pela desesperança.


Aquela atitude que, em nossa culpa, hoje chamamos de fraqueza, será considerada amanhã como um elo essencial da corrente completa que forma o homem.


As tarefas cruéis pelas quais não recebemos recompensa viverão conosco, brilharão além em esplendor nossa glória; e as fadigas que suportamos serão como coroas de lauréis ostentadas em nossas cabeças...


Neste mundo, há duas espécies de homens: os homens de ontem e os homens de amanhã. A qual das duas pertenceis? Vinde, deixai que vos observe e verifique se sois dos que estão entrando no mundo da luz, ou daqueles que se adentram na terra da treva. Vinde, dizei-me quem sois e o que quereis.

Sois como o político que pensa consigo mesmo: "Usarei meu país em meu próprio benefício"? Se assim é, nada mais sois que um parasita sugando da carne dos outros. Ou sois um patriota devotado, que afirma a si mesmo: "Apraz-me servir à pátria, como seu servo fiel". Se assim é, sois como o oásis no deserto, pronta a aliviar a sede do viajante.

Sois como um mercador que tira vantagens das necessidades do povo, monopolizando
mercadorias para vendê-las a preços exorbitantes? Desse modo, sois um réprobo; e pouco importa se vosso lar é um palácio ou uma prisão

Ou sois um homem honesto, que facilita aos fazendeiros e artesãos trocarem seus produtos; que intervém na barganha entre compradores e vendedores, e através de medidas justas obtém lucros para si e para os outros?
Se assim agis, sois um homem direito; e não importa se sejais louvado ou inculpado.

Sois como o chefe religioso, que faz da ingenuidade dos crentes um traje escarlate para seu corpo; e da generosidade deles extrai uma coroa de ouro para sua cabeça; e, apesar de viver na opulênci de Satã, vomita sua ira sobre eles? Se isso ocorre, sois um herege; e pouco importa se jejuais todo dia e rezais toda noite.

Ou sois homem piedoso que encontra na bondade do povo um campo de trabalho para aprimoramento de toda a nação; e em cuja alma está a escada da perfeição levando ao Espírito Santo? Se isso acontece, sois como um lírio no jardim da Verdade e pouco importa se vossa fragrância está pargida entre os homens, ou dispersa no ar, pois ela estará preservada eternamente.

Sois como o jornalista que vende seus primcípios nos mercados de escravos, e que se empanturra às custas da intriga, da desgraça e do crime? Desse modo, sois como o abutre voraz que se alimenta de carne podre.

Ou sois como o professor que se alça ao palco levantado pela História e daí, inspirado pelas glórias do passado, prega aos seus semelhantes e age como prega? Assim sendo, procedeis como um revitalizador para a humanidade doente e um bálsamo para o coração ferido.

Sois como o governante que olha com desprezo aqueles que gorverna, nunca agindo com largueza, senão para pilhar seus bolsos, e explorá-los em proveito próprio? Desse modo, sois como o desprezível joio que se atira sobre o chão da nação.
Ou sois como o servidor devotado que ama o povo e está sempre atento a ses bem-estar, e preocupado com sua sorte? Se é isto o que ocorre, sois como uma benção sobre os celeiros da terra.

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